domingo, 1 de novembro de 2009

Buenos Aires La Verdad

Buenos Aires La verdad

Esta foi escrita em 2008, e será publicada agora, por ocasião de minha nova viagem a Buenos Aires, de Outubro de 2009. Desta vez a expedição foi mais para mim, divertida e leve. Mas a crônica é em sua homenagem, querida Argentina. Don´t cry for me. Not anymore.

Esta era a primeira vez que ela fazia uma viagem internacional sozinha.
Como tudo em sua vida, nem mesmo isso teria sido fácil conseguir.
Felizmente herdou uma toneladas de pontos do cartão de crédito, gerados pelo excesso de gastos em seu VISA nos últimos anos, também conhecidos como a “era chupim”. Assim com milhas aéreas e descontos em hotel, se fué.

Tendo um amigo em Buenos Aires, deixou s São Paulo com o mundo caindo sobre sua cabeça, e decidiu fazer a viagem ainda em dezembro.

Chegou numa sexta feira, depois de um enervante vôo com 2 escalas, Curitiba e Assunção. Do avião a moça teve chance de analisar a paisagem plana do Paraguai e se espantou com o tamanho (minúsculo) do aeroporto da capital paraguaia.

Em terras portenhas, porém, já notou a diferença. Ao sair do saguão, procurando seu amigo que lhe daria carona, puxou papo com um motorista de taxi, e neste primeiro encontro já percebeu que falar espanhol é muito mais do que colocar um i no meio das palavras e um sotaque nasal.Era muito mais difícil do que dizer pero que si, pero que no.

Mas foi levando. Em poucos minutos já tinha trocado o obrigado por gracias, ou muchas gracias. Arriscava um por supuesto só depois de umas cervejas...

Trocou dinheiro, e com o troco pode ligar para seu amigo, que estava realmente bem pertinho dela, afinal. Ligar a cobrar, sem chance. Entendeu do taxista, depois de muita mímica que numerales era o quadrado ou jogo da velha + 19 poderia ligar a cobrar. Mas parece que companhias de telefonia não funcionam muito bem na Argentina. Por sinal o celular TIM da nossa heroína, nem sinal.... Dentre as companhias telefônicas que lá operam devem ser citadas a Telefônica e a Claro. Soa familiar?

Muito bem. Ao chegar no hotel, percebeu-se um agito. A moça notou que havia uma manifestação popular tomando parte das ruas. Seu amigo parecia bastante irritado com os manifestantes, a quem chamou de pagos pelo governo e inimputáveis. Aparentemente os marchadores podem parar seu carro, mandam e desmandam nas ruas.

Pararam, a moça paulistana, e seu amigo argentino, a duas quadras do Hotel, e foram a pé.

A praça do Congreso, onde se hospedou, é ampla e plana e abriga o prédio do legislativo. Seu quarto, no andar quarto, tinha uma janela fantástica, de frente para a Praça. A moça se sentiu grata, porque sabe quando Deus lhe faz um agrado. Adora janelas, é verdade.

Depois de despedir o amigo, a moça escancarou o indecente janelão, e se pôs a olhar. A manifestação passava inteira, barulhenta, bem debaixo de seu nariz, Era tanta gente que levaram uma hora para passar todos. Buzinaço, faixas e muitos grupos de pessoas diferentes. Bandeiras azuis e brancas.

Mesmo seu amigo tendo se mostrado tão irritado com os manifestantes, a moça se alegrou daquela parada, ao vivo, do povo argentino.

Ao lado do hotel, bem ao ladomesmo, funciona La Associacon de Las Madres da La Praça de Mayo, sim aquelas mamães do lencinho ainda existem. Também irritam os locais, porque ninguém mais agüenta vê-las lamentando, afinal a ditadura já acabou há décadas, é hora de seguir em frente. Mas à moça pareceu que a associação se converteu mesmo em um movimento social, com outras agendas hoje em dia.

O mesmo ocorre com os tais manifestantes. A moça aprendeu lendo o Clarin no dia seguinte que se tratava de um protesto contra La hambre. E ficou pensando, quem será essa tal de La Hambre? Descobriu mais tarde que era a fome. Achou o motivo genérico, para justificar tanto barulho.

Sexta à noite foi parrilha.

Sábado levantou e foi caminhar, e haja pernas. Felizmente, Buenos Aires é mui plana. Achou lindo o fato das avenidas serem tão largas e belas. Os prédios não são tão altos, chegam a ter no máximo 8 andares em sua maioria. Isso combinado ao largo passeio, faz de Buenos Aires uma das cidades mais bonitas que a moça já viu.

As calçadas são bem cuidadas. Sim, há lixo nas ruas. Mas não há fios expostos, apenas postes de iluminação. Os prédios mais antigos são impecavelmente conservados, e ostentam uma arquitetura de beleza indescritível Os cafés são extremamente charmosos, com grandes janelas para quem senta do lado de dentro, e quase todos com ótimas mesas na calçada. Aliás, os cafés lembraram Paris, sim, Buenos Aires tem um jeito de cidade européia.

Estando num país de terceiro mundo, a moça quis conhecer a sede do Poder Executivo, a casa presidencial, La Casa Rosada, na Praça de Mayo. A linda residência (sim, é rosa) dá de frente para um jardim, que espantosamente tem pixações bem escritas no chão, falando de pessoas desaparecidas, e criticando o governo (Kirchner ou alguma ditadura longínqua, não soube dizer contra quem protestavam)

Em frente à casa rosada uma exposição de fotos de presidentes argentinos, desde Oscar de La Rua, passando por Menem, Nestor e Cristina Kirchner. Lindos retratos, muitos deles de significado ignorado pela moça, mas todos de grande beleza e incrível força comunicadora, ao menos para os portenhos.

Fato é que os argentinos são realmente muito dramáticos. Fazem questão de ser percebidos como extremamente políticos, e contestadores, mas pareceu à moça que a política de oposição argentina é muito guevariana do tipo “Hay Govierno Soy Contra”, sem saber porque nem como vai contribuir para um novo futuro.

Uma passeata com, sei lá, 1 milhão de pessoas, para protestar contra algo tão genérico quanto à fome? Sim, sim, hay hambre, hombre. Mas, o que mais é novo, não é?

A moça comprou um lindo poncho vermelho na feira da Plaza Congreso em frente ao hotel. Caminhou até o Mercado Municipal em San Telmo e ainda arrematou uma pashmina preta, que pensou ser uma peça indispensável ao seu guarda roupa feminino, mesmo tendo vivido 34 anos muito bem sem nenhuma pashmina. Tudo isso era um pouco de empolgação com o real valer mais que os pesos.

A moça notou também que o povo argentino é extremamente bonito. Não tem tanta gente feia como tem no Brasil. Aliás, vamos combinar, 95% das pessoas, assim como os edifícios, são bonitas em Buenos Aires. Os rapazes são em sua maioria, vamos ver, lindos!As mulheres também, todos sempre muito bem vestidos. Um luxo. E paqueram com um tal charme descarado-tímido, efeito especial que só um legitimo argentino consegue executar com precisão. Deliciosos olhares.

Seu amigo e ela se divertiram muito, o que teria sido extremamente normal, exceto pelo fato de seu amigo ter 22 anos a mais que ela, e de se comunicarem melhor em inglês. Mas não deixou de se animar com ele, e se encantar com o jeito tímido daquele argentino bonito, maduro, extremamente gentil e cavalheiro. Galante, charmoso.... A moça não está acostumada a ser tão bem tratada, é verdade. Prefere os que a fazem sofrer. E agora no avião, no entediante vuelo de volta, correm lágrimas de seus olhos ao pensar nessas coisas.

À noite foi a um show de tango no Café Tortoni, um local tradicionalíssimo com 150 anos de janela, da Av. de Mayo. O show foi encantador.

E de pensar em tudo que terá ainda que realizar esta semana e dos compromissos que terá de assumir agora mesmo. E como sua vida é difícil, mas lhe permite certas escolhas, como fazer essa belíssima viagem. A moça sabe que não vai esquecer Buenos Aires.

Muchas, mas muchas gracias.

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